terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sobre o adiamento da reciprocidade

Lá se vai ela.
Ele deitado no chão fixando a pupila no clarão do filamento queimando atoa, como se olhasse pro espelho. Alternando o pensar em não pensar pensando no pensar nela, esfria as brancas coxas no áspero piso cinza: pensando.
O 'clic clac' do relógio antigo enfeitando a cozinha ecoa. Casa vazia, dia irrisório, vida moderna.
Café! Água ferve o filamento existencial, nada mais esquenta. Veste a ceroula branca e sorri pro nada. Vinte-e-cinco, não vinte-e-seis vinteequalquerporra... dias, horas... ela se foi! - ele auto-afirma. Auto-flagelo de uma auto-análise de altos e baixos de outrora: a dor de perder o que a princípio não se tinha. Complexa perplexão. Não à tens para vislumbrar como era tê-la em seus lençóis.
Vazia lembrança temporal. Dolorida têmpora do esquecimento. Como era? Afligido pelo não lembrar. Não se lembra mais dela. Histeria a solavancos soluçantes. Volte à, suas palavras! - ele grita.
O reinício após um fim sem começo...
Sem fim.