domingo, 9 de março de 2014

Sobre literatura, mulher e fim

  No fim era terror sem deixar de ser amor; de mãos dadas, enroscadas soltando ferrugem na saída do inferno pra entrada alentada do céu azul: era amor sem deixar de ser terror.
  E o homosapien quando soube se viu tarde pra sentir; iluminado pelo sol da razão poente, o terror era esfumaçado demais pra se deixar notar, inspirava-se pra depois soltar, na mesma dependência mecânica do oxigênio, numa experiência que não gerava conteúdo, sem teses sobre o ser, sobre o ar, nesse período o homem não sabia amor, não sabia conjugar.

  No meio era estupor, eram fábulas sobre dois seres sendo um sendo ainda dois; o terror se escondia nas hereditariedades do poder, na história do amor perene, nos vestidos arrastando o pó dos salões de taco, o gênero se dividiu, do fictício absoluto restou os hábitos do terror, a mulher transgredia as leis do amor conjugado pelo homem, o terror era seu sapato de cristal.

  No começo era vida sem pensar no deus terror; no além mito da mulher ontologicamente adversa havia de surgir o amor além do verbo; além do ser, no início, nada se tinha que se possa ser escrito. Consubstancial: a vida humana era amor vivo, do terror nada se tinha, era ficção demais pra existir.
No começo era amor sem deixar dizer terror.