terça-feira, 19 de outubro de 2010

Existencializando pra não querer

Até onde iremos afinal?
Desvencilhando as formas de ver a vida, vislumbrando um ser melhor, permaneço inquieto.
Todas as formas de análise, que julgo nobres, não me sustentam a idéia do que virá. Nossas escolhas persistem, e atormentam o meu pensamento. O meu querer ingrato anda não querendo nada. Minha vida parou para beber água num riacho profundo, onde resolveu mergulhar.
É de fato questionável toda a existência. Mas onde se encontram as questões se nem se quer existo? Onde começa a tênue linha que divide o nada para o existir? Existo porque penso, como disse Descartes? Se assim for existo demasiadamente. Do contrário, pensar talvez me leve a algum tipo de existência, mas existir anda me sendo bastante incômodo por si só, é o viver que me tira o sono.
Vivência. Até onde vivemos afinal?
Não há como almejar existir mais. Não se pode existir mais do que alguém.
Logo, a vida aguarda-nos.
Antes o querer buscava viver. Hoje busca bens e poses.
Antes o querer queria. Hoje não quer mais.    

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A esperança no silêncio do mudar

O que me faz buscar a incansável mudança?
A vida se expressa tão pouco nesses dias frios, que eu começo a questionar o que tenho como base para as minhas idéias. Milhares de palavras impressas nas dezenas de livros folheados não são suficiente até certo ponto. As idéias alheias são alheias a minha rotina. Não sei até onde a busca por uma mudança tornariam as coisas diferentes.
O que determina uma mudança? De onde surge, se não da própria consciência humana e respectivamente do conteúdo histórico social? Existe em essência uma idéia de mudança transcendental? Seriam essas questões significantes afinal?
Me pego pensando que talvez não devêssemos buscar mudança alguma. Não há nada de novo que não exista em nós desde o início. Devemos nos desvincular de qualquer busca moral, ou espiritual. A grande questão está em voltarmos para o que de fato somos. Trazendo o termo ao belo, devemos voltar ao nada. Conceber a idéia de que nascemos em um estado espiritual completamente ligados a nossa essência, chame ela o que quiser, no caso eu à chamo Deus, é dizer que o que nos resta a fazer é nos libertar de tudo o que nós acreditamos saber sobre a vida. Nos libertar-mos enfim de nós mesmos. Atingir-mos o ápice da negação.
Se a liberdade é por fim uma busca por mudanças, logo ela nunca será alcançada. Porém se a liberdade está na perda da esperança, logo, acredito que possa vir a encontra-lá.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Amando-a, tristeza...

Triste...
As vezes tenho a impressão de que ela se afasta de mim. Talvez aquele aperto melancólico que nos leva ao belo, faça parte desse emaranhado de sensações chamado tristeza.
É engraçado pensar na tristeza, assim como, é triste tentar ser feliz. Não há nada mais contraditório em buscar a felicidade, visto que já nascemos essencialmente felizes sem nada. Ao meu ver a busca da tristeza é inerente ao ser humano, assim como a morte sempre encontra uma vida e dela sempre fica dependente.
Ao me deparar com o silêncio desse humilde quarto que habito, vejo o quanto respiro desse ar tristonho, me alimento dessa melancolia, usufruo dessa miséria farta.
Somos seres contraditórios. Gasto o meu tempo com preguiça de viver. Vivo os dias com saudade do futuro que em meus devaneios construo. Converso com a tristeza, como se ela fosse uma senhorita de bom senso.
"Passo todo o meu tempo pensando em você" eu digo a ela.
"Cedo ou tarde eu te chamo pra perto" ela responde.
Nessa fábula, a tristeza não tem um rosto, seus cabelos flutuam ao vento, horas à chamo pelo nome, horas não ouso entrete-la. À vejo sempre com certo receio, bem como para com as mulheres, educo meus pensamentos para no fim perder o controle dos meus atos. Seria engraçado se não fosse triste. O impacto da essência feminina em mim é semelhante ao efeito nostálgico que me traz a tristeza, bem como certas mulheres recém descobertas: sempre exercem um fascínio estrutural em meu sentimentalismo amador.
"Ao longo do dia, me deparo com a tua rotina me chamando pra perto de ti" ela sussurra.
Eu não sei o que é o amor, mas me sinto triste ao pensar nele.