segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Devaneios de uma noite chuvosa

Me lembro...
Lembranças mortas, que em mim ainda vivem.
Desperdiçando a vida, eu busco encontrar a morte; somos seres estúpidos.
Nenhum racíocinio nos leva a crer que somos livres. A busca da liberdade é
masturbação, mas o orgasmo nunca vem.
A vida rotineira... dessa ja se fala muito, e muito ainda dela se tem.

As coisas que você possui, acabarão possuindo você.
Essa frase faria sentido se ja não estivessemos completamente possuidos.
Talvez as coisas sempre acabam nos possuindo, assim como sempre somos alienados em algo.
Assim como sempre escolhemos algo. Sempre queremos algo.
Tomo como base as sensações atuais, para crescer meu castelo de idéias. Assim como
disse Lewis, nosso castelo de cartas, que um dia Ele virá assoprar. Pra que tamanho
esforço se no simples nada habitam as fábulas da felicidade.
Desilusão, desilusão...
Respiro.
Suspiro.
Para essa vida, estou a falescer.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eis um conto qualquer

Eis que a morte lhe pareceu agradável. Na ânsia da procura viu-se morto.
Ela passou ao teu lado, contudo, não parou. Seguiu rua abaixo, trazia em sua mão algo pontudo, que brilhava amarelo ao refletir a luz do poste. Enquanto prosseguia tirava com o dedo a calcinha que adentrava no meio da sua bunda.
Ele riu.
Pode ele viver sem ela? Na ruptura da relação, ele se viu perdido, mas aliviado. A alegria dizia olá e depois virava as costas. Mesmo ele, não perdendo tempo com sentimentos depressivos, as vezes se encontrava pensando no futuro dela - em sexo. E aquela visão no fim da rua o levava longe. Adorava calcinhas assim como mulher adora sapato. Revogando todos os instintos, deixando pra traz o sentimentalismo clichê, lá no fundo ele sentia algum tipo de falta dela.
Ela riu.
Eis que a morte lhe parecia agradável. A ânsia da procura acabara.
Com os pés já no meio fio ela hesita. O vento sopra seus cabelos. Ela vira e olha pra traz.
Eles riem.
Ele odeia frescuras. Ela ama ele.
A vida ri.

sábado, 11 de setembro de 2010

Sexo inc.

Pela parede fina de tijolos do meu pequeno quarto, eu pude ouvir pequenas manifestações sexuais nessa noite fria de Setembro. A voz doce feminina intercalada por pequenos gemidos, adentraram em minha leitura. As palavras permaneceram vagas enquanto os sussurros ao lado não cessaram.
É engraçado pensar sobre o que em essência é o sexo. A cada dia que passa construo um abismo enorme entre o amor e o sexo, edificando um novo sentimento, bastante peculiar para mim, para o sentido de amar. Talvez o limite entre as experiências a nível de relacionamento humano e as simples manifestações biológicas, enraizam em nós uma visão desconexa do ato sexual. O coito reprodutivo hoje é a base da nossa sociedade. Como disse um grande amigo meu hoje de tarde, "se Freud estivesse vivo hoje, ele estaria rico", a essência do sexo hoje se defini unica e exclusivamente pela repressão que ela exerce em nós. O que teria que vir a ser um ato de liberdade, de puro e simples afeto humano, é um fator que dirige a nossa vida. Me pergunto até onde temos controle sobre isso?
Ainda escuto, pela fina parede, o jovem casal se relacionando, mas agora não de forma sexual. É deprimente até certo ponto. Salve a solidão! O poder que ela exerce sobre ele é puramente influenciado pelo instinto sexual. Será ele reprimido? Quem não é? Agora sim chego a uma pergunta importante:
Existe uma forma de puro e simples controle sobre todos os nossos graus e facetas que chamamos vida? Há quem diga que é mais fácil trepar e depois puxar um assunto. Há quem faça isso simultaneamente. Há quem prefere sobre o efeito do álcool. E há aqueles que querem de qualquer forma.
Será que existe aquele que disso livre está?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vida

  Possivelmente, toda essa sensação, é passageira. Vagamente me recordo de alguns fatos, mas nada semelhante. Por diversas vezes estive estagnado, a medida em que a vida corria seu curso, os minutos contando os segundos, o dia nascendo e logo se pondo a morrer, o que era a vida? E o que vai ser a vida? Se ela se adapta e se multiplica em suas espécies, o que define o viver? Quando outrora pensava que por fim vivia, era demasiado ingênuo. Esse lapso de tempo que se constitui no presente, e que aparentemente mostra-nos opções e escolhas, sensações e esperanças, não passa de uma idéia do que possivelmente é a vida.
  Há quem diga que, o ser-humano é o único animal que busca o sentido da vida, que busca a felicidade, os demais simplesmente à vivem e são felizes. Acho difícil viver sem pensar em como se vive e consequentemente acho difícil ser feliz depois de perceber como gastamos o nosso tempo.
Não existe vida em sua totalidade. Não existe razão em nosso viver.
Estamos mergulhados em condições e ilusões, nos afogando em hipocrisia. Fazemos de algo estupidamente simples um objetivo inalcansável.
Brincamos de ser feliz...
Brincamos de viver.