quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ensaio sobre o amor

Dizer a uma mulher que a amo...
Seria tão importante essa atitude para minha felicidade? Rudemente invadir a sua vida. Desestabilizar tudo o que ela sabe sobre o que eu sinto por ela? A troco de que vale todo esse transtorno em minha vida? Talvez eu devesse fingir que tudo está normal, afinal como diabos alguém chega numa conclusão dessa magnitude?

Odeio o amor...
Será que eu odeio o amor ou ama-la? Existe tal separação? O amor do amar? Odiá-lo ou odiá-la?
Será que eu amo a ideia que tenho daquela mulher, ou ela? Amo-a por mim, pelo o que ela me traz de bom? Ou amo pelo o que ela é? Ou ainda pior amo-a pelo o que ela pode vir a ser?
Pode-se amar o amor que a pessoa amada diz ter? Se possível fosse, estaria amando ela ou um sentimento?
Ama-se o amor? Ou ama-se a pessoa?
Devemos buscar o sentimento ou um individuo?
Seria na busca do amor dos outros, onde encontramos definitivamente o nosso sentimento de amar? Caso contrário não existiria a vontade de amar?
Será que existe a possibilidade de buscar esse sentimento de amor sem amar o individuo? Seria por essa busca do nosso amor no amor do próximo a resposta para amores não correspondidos?
Se eu busco um sentimento de amor no amor de um individuo, mas esse individuo não me ama, não existindo assim o amor para se achar, logicamente não encontro o sentimento. Então por que amamos quem não nos ama?
Acredito que se alguém ama quem não o ama, na verdade está tentando viver um amor que ainda não tem.
Seria o amor um sentimento, ou simplesmente um fruto de um ato? Ato esse o de buscar. Ou seria o sentimento de amar o puro amor?
Por ventura, se não se tem ainda o amor, poderia ele florescer de outra forma, sem a busca nos indivíduos, nascendo assim o sentimento de amar?

Contudo seria o amor em que nos baseamos atualmente na sociedade uma substancia química bombeada em nosso sangue, que percorre todo nosso corpo, causando aquele aperto em nosso coração, e aquela sensação gostosa em nosso cérebro? Ou somente uma vaga ideia egoísta intitulada "gostar de alguém?".

Um comentário:

  1. Duas coisas que lembrei quando li seu texto.

    "Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama "eu existo", a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista."

    E...

    "Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si."

    Os dois trechos são de um livro que estou lendo (Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector). Se ajudou ou não nos seus questionamentos, eu não sei, só sei que vale a pena ler o livro...

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