quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A poucos passos de casa

A poucos passos de casa, enquanto caminho, me sinto longe.
Distante demais pra voltar, e distante demais pra chegar em qualquer lugar.
As pedrinhas rolam pelo asfalto, e eu sigo chutando-as. Minha testa molhada. O suor escorre em meus olhos.
O vento deixou de soprar, naquele instante o ar me aqueceu, parei na esquina me joguei sentado num canto.
Tirei meus sapatos.
Segui andando assim que o vento voltou, ainda estava a poucos passos de casa. Devo prosseguir, tempo livre eu tenho.
Tempo...
Quando não o tinha, sentia sua falta, agora que ele sobra, não consigo ao menos usar meu relógio de pulso: aqueles ponteiros girando me dão náuseas!
Houve um dia em que o tempo era só uma palavra, assim como futuro, responsabilidade, sociedade.
Chego até a beira do rio. Cortei as mãos ao pular a cerca.
A poucos passos de casa, eu mergulho. Mergulho mas não sinto a água em mim. Mergulho mas continuo a respirar.
Abro os olhos, estou em minha cama. Olho pro chão e lá estão meus sapatos.
Levanto.
Estou em casa.
A poucos passos de mim.

2 comentários:

  1. huhu imaginei voce percorrendo todo o caminho aqui no nosso bairro.
    tenho a impressao de que chegar em [casa] pode demorar muito pra nós, não?

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