quarta-feira, 23 de março de 2011

Reticências

...
Sou? O que sou?
Deixo elas falarem por mim...
Se existe algo de fato que possa ser definido, me indago sobre o que me define.
E cá elas estão...
Três pontos, que seguem infinitamente, empunhando em suas bainhas nada mais do que o pensamento alheio de quem as vê...
E bonitos são esses pontos, não dão um final como fazem quando estão sós. Não mais um ponto final, mas três pontos à deriva do que vier a ser pensado, sem um controle. Três pontos que vão com o fluxo d'água.
Irônicamente, há como se pensar que eles são empregados para algo que é mais do que o óbvio, e que não precisa assim mais das palavras para ser expressado - que pela simplicidade é fácil de supor o sentido.
E não sou eu assim? Ou não somos assim num todo?
Mera reticência num vulto de vida onde ninguém sabe o que quer? Onde fica, o vago futuro, a mercê do exercício de pensar?
E quão irônica é a nossa vida cujo o qual de tão simples é seu sentido, que palavra alguma precise ser dita. Ou quão complexo também pode ser que palavra alguma baste.
Somos mera reticência. Somos pontos de um final que começa assim que nascemos.
Por fim num mundo onde há espaço pra definição, ela é a minha.
E o que ela é sem mim? Sem o meu raciocínio humano?
Ela me define...
E eu defino ela...

3 comentários:

  1. Você e as perguntas estilo "ser ou não ser...", rs. Bom texto.

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  2. Reticências, reter essências...

    É bom que as fases da vida tenham sempre reticências, assim as coisas ficam mais humanas e nenhuma possibilidade está completamente descartada

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  3. acho que é um dos textos mais bem escritos que voce já fez :]
    inspirado?
    beijo.

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