quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sobre uma ausência ainda latente

 Assim como um coração que ainda bate, onde nos pulsos se pode sentir a vida palpitar, habita agora aqui dentro a ausência ainda presente. Na tênue linha que defini o estar aqui, do já não estar mais, se encontra dividida também a certeza de que por aqui ainda se pode pressentir a sua presença embora já não posso mais sentir num abraço aquele existir.
 Assim como os ponteiros de um relógio que separa um segundo do outro, se consiste a fragilidade da vida que se ressalta na ausência que toma todo o ser. Essa ausência tão presente agora, tão palpável, tão amarga e doce ao mesmo tempo, amarga por não se sentir ao toque, e doce por ainda te manter aqui no coração a palpitar, vivo, na lembrança de um sorriso, de um olhar sereno e vivido de quem muito sabe sobre a vida, num andar calmo e compassado como a doce melodia de um antigo violão, vivo nas palavras que foram ditas e nas que se expressaram no silêncio.
 E o que é o amor se não isso? Algo que se expressa no silêncio, algo que se consolida num viver presente, numa vida compartilhada, num se relacionar em pról de um outro ser. Algo que se fortalece num abraço forte e longo, onde os corpos se unem, onde a sutileza de um toque desmonta qualquer mágoa, onde o amor se define.
 E é nessa ausência ainda latente que jaz em mim agora em prantos, tão consistente e suave como as lágrimas que escorrem pelo rosto, que esse amor toma ares de eterno. Cravado no coração esse amor agora não mais existe somente no lado humano, mas sim, vive agora também no céu.



*Em memória do vô Chico...

Nenhum comentário:

Postar um comentário