domingo, 18 de dezembro de 2011

Sobre a complexidade do conhecer

És isso, e isso sempre há de ser?
Cette insécurité.
Você. - ela diz - Onde vás?
Eu não sei. Enquanto ela me olha, não sei mais se a conheço.
Ela ri, sorrindo. Sua indignação, sua vida. Seu esmalte, sua cor. O que são?
A mulher, la femelle, moi?
Quando ponho meus olhos em suas mãos penteando os cabelos, o que és tal abstração? Aquele sentir daquilo que não se conhece. Sei onde moras, o que faz. Sua flor, seu humor, disso eu sei mas desconheço-a em si, teu sentir enquanto sendo você, teu sorrir, teu chorar - sua dor. Sua perspectiva de ser você em-si.
Na escuridão, os passos do conhecer vagueiam pela relatividade do que penso que és para mim em teu para-si, teu ser em ti, por ti, pour vous, egoísta - mas permitido pela moral que desconhece como arbitrar tal liberdade.
Tal complexidade não vive só, convive com a duvida que por si só dorme aos pés dos sentimentos esses sim eternos desconhecidos do ser, mas sim também tão palpáveis.
E se existir for o viés de tal leitura, bem como os sinto, tais sentimentos, eis então uma definição para o conhecer-te: existe por fim tal objeto, independentemente de seu profundo entendimento que reflete minha pobre metafisica, tal relação existe, você ali e eu achando que lhe conheço.
Mas não me engendro em tal leitura. Sua existência por si só não me faz olhar-te muito além daquilo que penso ser você em sua profundidade essencial, teu ser-em-si. O que me leva a perguntar: és somente para ti, e sempre assim viras a ser? Seguindo a consequência lógica, sendo eu para mim como tu, ambos somos juntos  dessa forma algo além do que somos a nós mesmos? Algo em particular? Construímos de fato uma nova fundação do que seriamos nós mesmos, que transcende o que somos por si só? Sou contigo algo além do meu ser-em-si? Mas se consolido meu ser-em-si pela experiência, tal transcendência antes exposta só se validaria se de fato experimentássemos ambos nossas essências existenciais legitimamente. Se nos conhecêssemos.
Revenir au problème d'origine.
Posso ainda dizer que lhe conheço? Como uma mãe conhece um filho acima de qualquer experiência? Tal laço incrivelmente forte, enraizado e irracional nos é permitido em toda relação humana?
Terei que viver cinquenta anos contigo para dizer que te conheço, como tu sendo vós mesmo, seu ser-em-si? - ela pergunta.
Não sei a resposta. Mas tarde agora, não sinto mais necessidade de tal questão, que dirá tal resposta...
Existo antes de tudo, e depois? Et mom avenir? Me apego agora a experiencia. Me apego a ser-ai, ser-para.
E se tal transcendência existencial, ser-em-si além de mim, soar como sempre - uma fantasia filosófica, como seria pensar em transcender por ti conhecer?

3 comentários:

  1. Eu juro que pensei em um bom comentário, mas vou ficar só com "maravilhoso", "escreveu o que eu queria ler" e "foda", porque cara... Tens o dom (:

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  2. O outro será sempre moldado à nossa compreensão limitada.

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