quinta-feira, 29 de abril de 2010

Monólogos de um dialogo a sós

Me disseram que a vida no Peru é mais esperançosa do que no resto do mundo.
Ouvi dizer que tudo o que você faz te defini como pessoa, mas tudo o que podemos fazer foi definido por alguem antes. Seriamos então indefinidos pela definição?
Me disseram também que ninguém sabe o que quer da vida.
Mas ouvi dizer que querer algo da vida é como sair pra beber, você só sabe porque bebeu depois que já está bêbado.

Eu disse pro cara do reflexo no espelho do meu banheiro, que aquilo que eu via era a unica coisa que eu tinha certeza que casava a qualquer momento.
Eu também disse que a morte veio me dar um oi esses dias, mas infelizmente foi embora porque eu estava preocupado demais com a vida.

Me preocupei com um mosquito que se enroscou no véu da rosca na padaria.
Andei preocupado também com o volume de euforia nas formigas no chão da cozinha.
Será que ser vai ser um dia algo a se desejar?
Queria ser ator.
Queria me dirigir.
Me maquiar, ajustar meu foco, errar o meu texto, me xingar e fingir que ligo pro Haiti.

Me disseram que a vida no Peru é mais esperançosa do que no resto do mundo.
Acho que vou começar a andar sem cuecas pra fingir que tenho esperança.
Talvez eu devesse fingir varias coisas.
Vou fingir.
Fingindo.

Amanhã vou acordar sair na rua e convidar a primeira mulher que passar por mim para tomar café.

Sem cuecas.

Vou fingir.
Fingindo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário