terça-feira, 12 de abril de 2011

Sobre ela

Foco meu pensar no escrevê-la, mas já caí onde temia.
E esse vento que escorrega pela parede até mim, asopra friamente esse fato. Não tenho mais a depressão doce que alimentava a solidão. Tenho só, sim, a mim e a ti, a pretensão de unir-nos e a constatação de que nada tenho enfim. E se posso ter o "não ter", isso me alegra: num horizonte dialético tenho-a aqui. E aqui o "a", vai além de uma primeira letra de um livro alfabético, vai além de minha capacidade de organizar uma relação humana em palavras. Mas não vai além daquilo que se pode sentir.
Escreve-la é tão inimaginável quanto racionalizar o que sinto. Senti-lá da o sentido que a ausência das palavras me rouba. Dá a ela um sentido pro sentir, e a mim a incapacidade em descrevê-la.
Já não foco mais o meu pensar. Pois se penso existo, e se existo é aqui, e aqui ela não está.

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