segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O sonho de uma noite de inverno

 Num sonho Marina esvoaçava, juntava as peças soltas de seu cabelo ladrilhado; cubinhos espelhados refletindo vento, Marina respirava água e sorria flor, inspirava fôlego enquanto do mundo nada se via.
 Havia o céu por debaixo da praia assoviando sol, havia ondas que subiam e desciam a parede do quarto onde Marina era mar; minúsculos flocos incolores de areia desenhando, Marina molhava o futuro logo ali ao pé da montanha mágica; gotas que limpam a morte, enquanto do passado nada se via.
 Tudo era azul. Todo aquele nada branco contrastado no vestido ofuscava; Marina flutuava sem chão, ouvia-se no fundo a melodia da praia sem tom, um lar dodecafônico de um ar acalmador, a estética de um belo sem som, da boca de Marina nada se ouvia, era mudo seu falar ao quem quisesse ouvir.
 Na falta de som havia o ver; ver que ali nada havia se não escuro, e esse escuro cantarolava como pardal de manhã, tal escuro incomodava o ombro encaixado no colchão, esse escuro era meio-dia, era travesseiro, era tudo o que estava ali, era vontade de voltar a dormir.

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